domingo, 24 de julho de 2011

Volumetria no parque




Iana: E se a lua fosse quadrada?

Nina: A noite tinha mais cantos. A noite tinha arestas. A noite podia-se esconder dela própria. E tu podias-te esconder de quem?

Iana: De mim, sou o meu maior susto. Mas se visses um cubo quando ela roda a diferença era maior?

Nina: Acrescentavas à geometria o que tiravas ao mistério.

Iana: Acho que continuo a preferir o mistério.

Nina: Já pensaste o mistério que se guarda na volumetria de um corpo?

Iana: Gosto mais de pensar nos mistérios que se escondem na volumetria da nossa semi-esfera.

Nina: Porque é que achas que o cheiro é o único que penetra directamente na memória?

Iana: Boa pergunta!

Nina: Pois é, estás a ver porque é que eu nunca estava atenta nas aulas?

Nina Exclamação

(Imagem de Escher)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Bâton Vermelho


Do resto da salada de fruta de ontem comi toda a fruta à excepção do pêssego, que deixei para o fim... claro que deixei, sei que isso não te espanta. Como pouco em mim o faz, sei.
Está frio. Não vai estar no horizonte o pôr-do-sol. Os ramos dançam... bastante mal eu diria. Sim, eu sei que tenho este mau feitio.
Sinto a tua falta. Agora. Neste tempo morto que me inunda de vida. Neste pequeno espaço que cheira a açúcar e pêssego.
Olho-nos.
Num passado sempre presente... Vejo tudo em retrospectiva lenta... como se de um filme antigo se tratasse...
Actrizes num mundo paralelo. De bâton Vermelho. Não é a minha cor, nem a tua. Somos bem mais subtis na maquilhagem estética... talvez porque tenhamos que ser tão mais rígidas na maquilhagem espiritual... e tal... Mas penso, vermelho será a nossa cor. Porque Vermelho é intemporal, fatal e, convenhamos, ou assenta bem ou mal... e no caso daquilo que somos, seja isso o que for, fica bem, eterno, intemporal e fatal... quem sabe.

Iana Reticência